Melasma – Não é uma manchinha qualquer e necessita de gerenciamento!

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Melasma – Não é uma manchinha qualquer e necessita de gerenciamento!

Category : Notícias 2016

O melasma pode ser definido como uma hiperpigmentação caracterizada por manchas de tonalidade acastanhada variada, simétricas e localizadas geralmente na face. Período gestacional, influências genéticas e preferência por indivíduos hispânicos, asiáticos ou os que se expõem com maior frequência à radiação ultravioleta, são fatores geralmente relacionados ao seu desenvolvimento.  Alguns quadros afetam negativamente a vida do indivíduo, abalando sua auto-estima e comprometendo sua vida social e profissional.

A pigmentação da pele ocorre pela ação da melanina. Esta é produzida pelos melanócitos a partir da tirosina (formando eumelanina) ou da tirosina e cisteína (formando feomelanina) pela ação da tirosinase. É a ativação do receptor de melacortina 1 (MCR1) que promove essa diferenciada transformação. A transferência da melanina para os queratinócitos é feita pelo melanócito ou unidade epidérmica de melanização. A ação do hormônio melanoestimulante (MSH), promove aumento dos melanócitos e entra nas células pela ação de receptores. A exposição aos raios ultravioletas (RUV) promove um aumento do números de melanócitos. São 4 a 6 genes que determinam a cor da pele e isso justifica os diferentes tipos de coloração. A classificação da pele pode ser dividida em 6 fototipos. (GUIRRO;GUIRRO, 2004).

O melasma é uma afecção estética que,  pode causar impacto negativo na vida das pessoas por sua hiperpigmentação inestética. Estudos comparativos entre a pele hiperpigmentada e a pele sã desses pacientes, assim como estudos com mulheres pós-menopausa, gestantes e homens seriam de grande ajuda para a formação de hipóteses sobre sua fisiopatogenia e para a escolha de tratamentos adequados. (MIOT et al 2009). É uma hipermelaose crônica adquirida que acomete áreas fotoexpostas, afetando ambos sexos, sendo mais comum em mulheres gestantes, acometendo com mais frequência região frontal e malar mas pode ser observada no nariz e buço e queixo.

Ocorre em todas as raças mas tem maior incidência em fototipos altos que tem grande exposição aos raios UV.

A etiopatogenia do melasma ainda não está bem esclarecida. A radiação UV é fator importante, implicado na peroxidação de lipídios na membrana celular, com liberação de radicais livres, que estimulariam os melanócitos.

Foi descrita uma relação direta entre melasma e fatores hormonais femininos, com estudos demonstrando níveis elevados de hormônio luteinizante (LH) e baixos de estradiol sérico. Sugere-se ainda etiologia vascular, na qual os melanócitos que apresentam receptores de fator do crescimento do endotélio vascular (VEGF) poderiam responder a fatores angiogênicos, aumentando a vascularização e contribuindo para a hiperpigmentação cutânea. Além disso, a microscopia eletrônica demonstra aumento da síntese de tirosinase nas lesões de melasma. A ocorrência familiar sugere predisposição genética.

É classificado de acordo com características clínicas e histológicas. Em relação à localização do pigmento, pode ser epidérmico, dérmico ou misto. Esta classificação tem especial importância para definir a escolha terapêutica e o prognóstico.

 O tratamento do melasma tem como principal objetivo o clareamento das lesões e a prevenção e redução da área afetada, com o menor número possível de efeitos adversos.

O melasma ao contrário do que muitos pregam, não tem cura mas sim, gerenciamento para controlar o depósito de pigmento (melanina) e redução deste,  já instalado em epiderme e derme.

Recomendações adicionais incluem descontinuação de pílulas anticoncepcionais, suspensão do uso de produtos cosméticos perfumados e de drogas fototóxicas.

Como formas de tratamento podem ser utilizadas,  peelings químicos, microdermoabrasão, nutricosméticos, luz intensa pulsada e lasers. Além de cosméticos e cosmecêuticos com ativos antioxidantes, clareadores e despigmentantes.

A utilização de fotoproteção é unânime entre todos os autores. Embora saibamos que a hidroquinona é citotóxica e traz muito efeito rebote ela é amplamente utilizada, retinóides, ácido azelaico, ácido ascórbico, Skin Whitening Complex, Niacinamida, Luminescence e Talapheras de Vit. C ativos amplamente utilizados.

Dentre os peelings temos o jessner associado ao salicílico (Ejaz et al, 2008), jessner associado ao ácido glicólico (Lawrence et al, 1997), Ácido Tricloroacético (ATA) (Nanda et al, 2004), associação de ácido retinóico e ácido glicólico ( Khunger et al, 2004), ácido lático e solução de jessner ( Sharquire et al, 2006). Podemos citar ainda o ácido mandélico para fototipos altos, ácido retinóico (este devemos lembrar que é foto sensível).

Ainda podemos utilizar como recurso a microdermoabrasão, microagulhamento com a proposta de drug delivery,  a Luz Intensa Pulsada (LIP) e o laser (CO² Fracionado, Q – switched e Alexandrite 755 nm). Laser e LIP devem ser usados com muita cautela.

Temos estudos mais recentes que propõe o uso de picnogenol oral, ácido tranexâmico intradérmico, sulfato de zinco, ácido elágico e terapia fotodinâmica com proposta de mais estudos.

Lembrem sempre que, o melasma deve ser tratado e gerenciado com frequência.

Não existe técnica milagrosa!!!

Sou a favor do uso consciente das técnicas e recursos a partir da premissa científica!

Forte abraço,
Paula França

REFERÊNCIAS

Steiner D, Feola C, Bialeski L, Silva F A M. Tratamento do melasma: revisão sistemática. Surgical & Cosmetic Dermatology 2009;1(2):87-94.

Miot LDB, Miot HA, Silva MG, Marques MEA. Fisiopatologia do melasma. An Bras Dermatol. 2009;84(6):623-35.

Guirro, Elaine; Guirro, Rinaldo. Fisioterapia Dermato-Funcional, 3ª edição, São Paulo: Manole. 2004

Ejaz A, Raza N, Iftikhar N et al. Comparison of 30% salicylic acid with Jessner’s solution for superficial chemical peeling in epidermal melasma. J Coll Physicians Surg Pak 2008;18(4):205-8.

Lawrence N, Cox SE, Brody HJ. Treatment of melasma with Jessner’s solution versus glycolic acid: a comparison of clinical efficacy and evaluation of the predictive ability of Wood’s light examination. J Am Acad Dermatol 1997;36(4):589-93.

Nanda S, Grover C, Reddy BS. Efficacy of hydroquinone (2%) versus tretinoin (0.025%) as adjunct topical agents for chemical peeling in patients of melasma. Dermatol Surg 2004;30(3):385-8.

Soliman MM, Ramadan SA, Bassiouny DA et al. Combined trichloroacetic acid peel and topical ascorbic acid versus trichloroacetic acid peel alone in the treatment of melasma: a comparative study. J Cosmet Dermatol 2007;6(2):89-94.

Khunger N, Sarkar R, Jain RK. Tretinoin peels versus glycolic acid peels in the treatment of Melasma in dark-skinned patients. Dermatol Surg 2004;30(5):756-60.

Sharquie KE, Al-Tikreety MM, Al-Mashhadani SA. Lactic acid chemical peels as a new therapeutic modality in melasma in comparison to Jessner’s solution chemical peels. Dermatol Surg 2006;32(12):1429-36.