Microagulhamento e Fotobiomodulação

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Microagulhamento e Fotobiomodulação

Category : Notícias 2017

O microagulhamento é uma técnica que está consolidada entre os profissionais da estética.
A técnica é indicada para tratamento de cicatrizes, rugas, rejuvenescimento, estrias, hipercromias, queimaduras entre outras afecções.
A técnica é realizada com roller de polietileno que tem em seu tambor de 190 a 540 agulhas, de aço inoxidável, estéril. As agulhas tem uma variação de comprimento que vai de 0,25 a 3,0 mm.
O princípio da técnica de microagulahemtno é criar microcanais para potencializar a permeação dos princípios ativos (o que chamamos de drug delivery), a indução percutânea de colágeno ou a associação e ambas.
A grande vantagem do microagulhamento é a manutenção da integridade da epiderme pois, o roller utilizado, faz a desintegração dos queratinócitos para a criação dos microcanais sem a remoção da epiderme, o que confere grande segurança ao procedimento, manutenção do manto hidrolipídico, menor tempo de recuperação da pele e sem dowm time.
O conceito de Drug Delivery, que é a formação de microcanais (através do agulhamento), permite uma permeação dos ativos utilizados, até 80% maior. Já o conceito de indução percutânea de colágeno, se justifica pela injúria provocada pelo procedimento (perda da integridade da epiderme através da dissociação de queratinócitos, liberação de citocinas, dilatação dérmica e migração de queratinócitos para a reparação tecidual) seguido pela reparação tecidual e remodelamento, conforme explicam Lima e Takano (2013).
A partir da lesão causada pelas agulhas ultrapassando a junção dermo epidérmica, inicia-se um processo inflamatório, seguido de reparação tecidual que possui três fases: injúria, reparação e maturação ou remodelamento. Na primeira fase, de injúria, ocorre liberação de plaquetas e neutrófilos responsáveis pela liberação de fatores de crescimento com ação sobre os queratinócitos e os fibroblastos. Na segunda fase, de reparação, os neutrófilos são substituídos por monócitos, nesta fase ocorre neoangiogênese, reepitelização e proliferação de fibroblastos, seguidas da síntese de colágeno do tipo III (responsável pelo preenchimento do tecido), elastina, glicosaminoglicanos e proteoglicanos. Paralelamente, o fator de crescimento dos fibroblastos são secretados pelos monócitos. Aproximadamente cinco dias depois da injúria a matriz de fibronectina está formada, possibilitando o depósito de colágeno logo abaixo da camada basal da epiderme. Na terceira fase ou de maturação ou remodelamento, o colágeno tipo III que é predominante na fase inicial do processo de reparação vai sendo lentamente substituído pelo colágeno tipo I (responsável pela sustentação do tecido), mais duradouro, persistindo por prazo que varia de cinco a sete anos. (FABBROCINI et al., 2008; LIMA; LIMA; TAKANO, 2013).
Para auxiliar no processo de reparação tecidual, minimizar os riscos de complicações, reorganizar as fibras de colágeno, melhorar o nível de hidratação da pele, utilizamos em associação ao microagulhamento a fototerapia (Laser de Baixa Intensidade – LBI, vermelho e infravermelho e Emissor de Luz Diodo – LED, azul e âmbar).
A terapia a laser, quando utilizada nos tecidos e nas células, não é baseada em aquecimento, ou seja, a energia dos fótons absorvidos não é transformada em calor, mas em efeitos fotoquímicos, fotofísicos e/ou fotobiológicos. Quando o LBI interage com as células e tecidos na dose adequada, certas funções celulares podem ser estimuladas, como a estimulação de linfócitos, a ativação de mastócitos, o aumento na produção de ATP mitocondrial e a proliferação de vários tipos de células, promovendo, assim, regulação dos efeitos anti-inflamatórios.
Nos últimos anos, a fototerapia por luzes coerentes (lasers) destaca-se como um bioestimulador para o reparo tecidual, aumentando a circulação local, a proliferação celular e a síntese de colágeno.
Observa-se um aumento na neovascularização e na proliferação fibroblástica, bem como uma redução da quantidade de infiltrado inflamatório nas injúrias submetidas a terapia a LBI.
Em nível celular, o LBI, provoca modificações bioquímicas, bioelétricas e bioenergéticas, atuando no aumento do metabolismo, na proliferação e maturação celular, na quantidade de tecido de granulação e na diminuição dos mediadores inflamatórios, induzindo o processo de cicatrização. A absorção molecular do LBI, permite um aumento do metabolismo celular, caracterizado pela estimulação de fotorreceptores na cadeia respiratória mitocondrial, alterações nos níveis de ATP celular, liberação de fatores de crescimento e síntese de colágeno.
As ações anti-inflamatórias e anti-edematosas exercidas pelo LBI, ocorrem mediante a aceleração da microcirculação, que resulta em alterações na pressão hidrostática capilar, com reabsorção do edema e eliminação do acúmulo de metabolitos intermediários.
Dentre os efeitos bioestimulantes mediados pelo LBI no processo de reparo tecidual, destacam-se: a indução da atividade mitótica das células epiteliais e dos fibroblastos; o incentivo a produção de colágeno por estas ultimas células; a inibição secretora de alguns mediadores químicos; a modificação da densidade capilar e o estimulo a microcirculação local.
Existem vários mecanismos pelos quais o laser de baixa potencia pode induzir a atividade mitótica dos fibroblastos. Ele estimula a produção do fator de crescimento fibroblástico que constitui um polipeptídeo multifuncional, secretado pelos próprios fibroblastos, com capacidade para induzir não somente a proliferaçãoo, mas também a diferenciação fibroblástica, e afeta as células imunes que secretam citocinas e outros fatores regulatórios do crescimento para fibroblastos.
Para um breve resumo:
– LBI vermelho 660nm: aumento no metabolismo dos fibroblastos com consequente aceleração da síntese de colágeno;
– LBI infravermelho 808 nm: aumento no metabolismo dos fibroblastos, incremento a microcirculação periférica e disponibilização de nutrientes e maior absorção dos cosméticos;
– LED azul 470nm: Quebra de peróxido de Hidrogênio, formação de moléculas de H²O e melhor hidratação da pele;
– LED âmbar 590 nm: estímulo á organela ribossômica e otimização da síntese de colágeno.
Entendamos que a Fototerapia atua em sinergismo com o processo inflamatório desencadeado pelo microagulhamento. A modulação deste processo inflamatório, com a utilização do LBI trará uma atividade mitocondrial modulada com produção de ATP adequada ao processo de regeneração ou reparação tecidual. Sendo assim, otimizamos a injúria provocada e organizamos o processo de reparação do tecido. Também de forma coadjuvante os LED’s âmbar e azul trarão benefícios na recuperação do tecido pela manutenção da hidratação e estimulação à organela ribossômica levando a otimização da síntese de colágeno.

Associação de técnicas com fundamentação científica, conhecimento de fisiologia humana e atendimento humanizado, a chave para abrir a porta para o sucesso!

Que 2017 seja um ano de realizações, conquistas e muita ciência na Estética!
Feliz Ano!

Paula França

REFERÊNCIAS
AUST, M.C.; FERNANDES, D.; KOLOKYTHAS, P.; KAPLAN, H.M.; VOGT, P.M. Percutaneous collagen induction therapy: An alternative treatment for scars, wrinkles and skin laxity. Plast Reconstr Surg, 21:1421–9, 2008.
AUST, M.C.; REIMERS, K.; HAPLAN, H.M.; STAHL, F.; REPENNING, C.; SCHEPER, T.; JAHN, S.; SCHEAIGER, N.; IPAKTCHI, R.; REDEKER, J.; ALTINTAS, M.A.; VOGT, P.M. Percutaneous collagen induction – regeneration in place of cicatrisation? Journal of Plastic, Reconstructive & Aesthetic Surgery, 64, 97-107, 2011.
CAMIRAND, A.; DOUCET, J. Needle dermabrasion. J Cutan Aesthet Surg, 21:48–51, 1997.
DODDABALLAPUR, S. Microneedling with Dermaroller. J Cutan Aesthet Surg, Jul-Dec; 2(2): 110–111, 2009.
FABBROCINI, G.; FARDELLA, N.; MONFRECOLA, A.; PROIETTI, I.; INNOCENZI, D. Acne scarring treatment using skin needling. Clinical and Experimental Dermatology, p. 874–879, 2008.
KIM, S.E.; LEE, J.H.; KWON, H.B.; ANH, B.J.; LEE, A.Y. Greater Collagen Deposition with the Microneedle Therapy System Than with Intense Pulsed Light. Dermatol Surg, 37:336–341, 2011.
LIMA, EVA.; LIMA, MA.; TAKANO, D. Microagulhamento: estudo experimental e classificação da injúria provocada. Surg Cosmet Dermatol, 5(2):1104, 2013.