PEELINGS QUÍMICOS – DESMISTIFICANDO PARA UMA ATUAÇÃO SEGURA E EFICAZ

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PEELINGS QUÍMICOS – DESMISTIFICANDO PARA UMA ATUAÇÃO SEGURA E EFICAZ

Category : Notícias 2017

Hoje, na era da tecnologia, do fácil acesso a informação científica, me espanta a quantidade de profissionais que compram cursos de “protocolos prontos” por não saberem usar os recursos/ técnicas que
aprendem nos cursos técnico, tecnólogo, bacharel e pós graduações
voltados à Estética.

Essa frequente procura ocorre por um único e grande fator, pouco conhecimento e quase nada de aprofundamento de fisiologia humana, fisiopatologia da afecção estética e falta de link entre as técnicas oferecidas para os diversos tratamentos das afecções estéticas. Um dos assuntos que mais se procura protocolos prontos são os peelings químicos. Pois bem, vamos desmistificá-lo para uma abordagem adequada e atuação segura e eficaz.

O termo peeling se origina do inglês to peel = descamar, pelar, referindo-se à aplicação de agente químico sobre a pele, que pode provocar a destruição controlada não só de parte ou da totalidade da epiderme, como também de parte da derme, levando à esfoliação com remoção de lesões, seguida pela regeneração de novos tecidos.

Os peelings são indicados para tratamento de acne, rejuvenescimento, hipercromias, estrias, ceratoses actínicas, cicatrizes, rugas entre outras afeções sejam elas faciais ou corporais.

Podem ser classificados como muito superficiais (quando atingem apenas extrato  córneo – 0,06mm), superficiais (quando atingem até camada basal – 0,45 mm), médios (quando atingem derme papilar – 0,6mm)  e profundos (quando atingem derme reticular – 0,8mm).

Os critérios utilizados para indicação de cada tipo de peeling compreendem idade, fototipo, área a tratar, grau de fotoenvelhecimento, hidratação da pele, tipo de hipercromias objetivos a alcançar e habilitação do profissional de estética aplicador, além dos fatores inerentes a cada paciente em particular.

Características da pele como espessura da epiderme, densidade de folículos, grau de fotoagressão, sexo (a pele masculina é mais oleosa, dificultando a penetração), fototipo (quanto mais baixo, maior a penetração), integridade da barreira epidérmica, preparo prévio, limpeza precedente à aplicação do agente esfoliante, procedimentos anteriores recentes e uso de isotretinoína oral; agente químico: características físico-químicas, volume, concentração, veículo, tempo de exposição; modo de aplicação: uso de cotonetes, pincel, dedos enluvados ou gaze, oclusão ou não da área tratada, pressão e fricção durante a aplicação, número de camadas e frequência do procedimento. São fatores contribuintes para a penetração do peeling.

Para o sucesso do tratamento com uso de peelings, o profissional de estética deve analisar o perfil psicológico do paciente, sua atividade profissional e tempo disponível para afastamento. Deve também oferecer informação detalhada através de material educativo, indicar o preparo prévio e esclarecer sobre o período de descamação e os benefícios esperados.

O preparo prévio deve ser iniciado com no mínimo 15 dias de antecedência, visto que reduz o tempo de reparo tecidual, permite penetração mais uniforme do agente e diminui o risco de hiperpigmentação pós-inflamatória. Este preparo é realizado com substâncias que condicionam  a pele, entre as classes cosméticas indicadas estão os anti oxidantes (vitamina C, vitamina E, Coenzima Q10, resveratrol, entre outros), hidratantes (ácido  hialurônico, uréia, colágeno, entre outros), clareadores/despigmentantes (ácido kójico, melawhite, biowhite, ácido retinóico, belides, wonderlight, entre outros) e, fotoporptetores. Essa abordagem deve ser usada no pré e pós tratamento.

Além da abordagem cosmética, podemos utilizar LED’s e LBI’s (vermelho e infra vermelho),  bem como a microorrentes, para a biomodulação do processo inflamatório. Também utiliza-se como terapia anti oxidante o ILIB, que é um laser vermelho, irradiado na artéria radial que atuará como terapia anti oxidante.

Os ácidos utilizados para peeling segundo Yokomizo et al(2013), são os que seguem  na seguinte classificação:

Agentes para peelings muito superficiais: ácido glicólico 30%, um a dois minutos, Jessner uma a três camadas, ácido salícilico 30%, resorcina de 20 a 30%, cinco a dez minutos, ácido tricloroacético 10% uma camada, ácido lático, ácido fítico.

– Agentes para peelings superficiais: ácido retinoico 10%, ácido glicólico de 50 a 70%, de dois a 20 minutos, ácido tricloroacético de 10 a 25%, resorcina de 40 a 50%, de dez a 20 minutos, solução de Jessner de quatro a dez camadas, ácido mandélico, ácido pirúvico, ácido tioglicólico.

– Agentes para peelings médios: ácido glicólico 70% de três a 30 minutos, solução de Jessner + ácido tricloroacético 35%, ácido glicólico 70% + ácido tricloroacético 35%, ácido tricloroacético 35 a 50%.

– Agentes para peelings profundos: fenol, solução de Baker.

Os agentes para peelings podem ainda ser combinados como por exemplo, solução de Jessner com ATA, 35% ou ATA 10% com ácido retinoico de 5 a 10% ou ainda ácido glicólico 70% com resorcina, um sobre o outro.

A atuação do peeling químico é eficaz e pode ser muito segura desde que se conheça os agentes utilizados, a fisiopatologia da afecção estética e que se respeite o tempo de recuperação da pele.

Renove a pele com segurança… até breve!

Paula França

REFERÊNCIAS

Oremović L, Bolanca Z, Situm M. Chemical peelings–when and why? Acta Clin Croat. 2010;49(4):545-8.

Khunger N. Standard guidelines of care for chemical peels. Indian J Dermatol Venereol Leprol. 2008; 74(Suppl):S5-12.

Yokomizo VMF, Benemond TMH, Chisaki C, Benemond PH. Peelings químicos: revisão e aplicação prática. Surg Cosmet Dermatol 2013;5(1):5868.

Velasco MVR, Ribeiro ME, Bedin V, Okubo FR, Steiner D. Rejuvenescimento da pele por peeling químico: enfoque no peeling de fenol. An Bras Dermatol. 2004;79(1):91-9.

Araújo ALN, Pinto SFM, Sobrinho OAP, Sodré RL. Peeling químico: avaliação de ácido glicólico, ácido retinóico e ATA. Rev Cosmet Med Est. 1995;3(3):41-4.

Steiner D, Feola C, Bialeski N, Silva FAM, Antiori ACP, Addor FAZ, Folino BB. Estudo de avaliação da eficácia do ácido tranexâmico tópico e injetável no tratamento do melasma. Surg Cosmet Dermatol. 2009;1(4):174-7.

Kanechorn Na, Ayuthaya P, Niumphradit N, Manosroi A, NakakesA.Topical 5% tranexamic acid for the treatment of melasma in Asians: a double-blind randomized controlled clinical trial. J Cosmet Laser Ther. 2012;14(3):150-4.