Hiperpigmentação Periorbital – Olheiras

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Hiperpigmentação Periorbital – Olheiras

Category : Notícias 2016

A hiperpigmentação periorbital ou olheira como é popularmente conhecida, pode ser definida como a diferença de cor entre a pele palpebral e o restante da pele facial, podendo causar importante impacto na qualidade de vida, proporcionando à face de quem a possui aspecto de cansaço e envelhecimento.

Pode ter diversas causas como, herança genética, uso prolongado de certas drogas, fadiga crônica, poucas horas de sono, dependência química, etilismo, tabagismo e doenças de vias aéreas superiores como por exemplo, rinite e sinusite.

Essa hiperpigmentação confere um aspecto cansado à face. Sua etiologia ainda não é bem entendida mas, as causas primárias incluem hiperpigmentação da derme (que pode ser por depósito de melanina ou hemossiderina), superficialização dos capilares sanguíneos, através da pele da pálpebra inferior, ou ainda mista, com ambos componentes. Podemos ainda observar na região de pálpebra inferior edema. Uma outra causa que confere o aspecto de olheiras é o formato anatômico da pálpebra e região malar (para este caso é necessário que se faça um preenchimento para que se corrija a alteração).

Depende de múltiplos fatores como quantidade de melanina depositada na epiderme e derme, presença de vasos sanguíneos periorbitais, menor espessura da epiderme, criando zona de aspecto translúcido que deixa visíveis estruturas abaixo (nessa região encontra-se a epiderme mais fina do corpo), fatores genéticos (gene autossômico dominante). A pele da região palpebral é fisiologicamente fina e por isso mais sensível e exposta a fatores irritantes, recidivantes e crônicos (dermatite de contato, blefarite, etc.) que podem contribuir para o agravamento do quadro através de hiperpigmentação pós-inflamatória.

Tem sido classificada clinicamente em três tipos, com base na causa principal da pigmentação: vascular, pigmentada (por depósito de melanina ou hemossiderina) e mista. O tipo vascular é geneticamente determinado, e o escurecimento é causado por uma pele sumamente delgada de aspecto translúcido, favorecendo a visualização dos vasos sanguíneos e músculos subjacentes. O tipo pigmentado é produzido por depósitos de melanina ou hemossiderina, associados a fatores étnicos e exposição solar. O terceiro tipo é o misto, que resulta da combinação dos fatores anteriores.

A hiperpigmentação por deposito de pigmento ocorre geralmente em adultos com fototipos mais altos ou, em fototipos mais baixos em consequência ao fotoenvelhecimento e, as de origem vascular, acomete indivíduos de qualquer idade.

A vascularização intensa ocorre principalmente em pessoas de grupos étnicos que apresentem essa tendência, como os descendentes de árabes, turcos, hindus e ibéricos. Nesse caso sua manifestação é mais precoce, muitas vezes ainda na infância. Nesses indivíduos não há mudança na cor da pele, mas sim escurecimento da pálpebra devido à visualização dos vasos dilatados, por transparência. Nesse caso é comum o agravamento do problema quando os vasos da pálpebra inferior se encontram mais dilatados (cansaço, insônia, respiração oral, choro) e determinam extravasamento sanguíneo dérmico. Há liberação de íons férricos no local, acarretando a formação de radicais livres que estimulam os melanócitos, gerando pigmentação melânica associada.

Outras causas citadas para o aparecimento das olheiras são a hiperpigmentação pós-inflamatória secundária à dermatite atópica e de contato, uso de medicamentos (anticoncepcionais, quimio – terápicos, antipsicóticos e alguns colírios), presença de flacidez palpebral (envelhecimento) e de doenças que cursam com retenção hídrica e edema palpebral (tireoidopatias, nefropatias, cardiopatias e pneumopatias), que ocasionam piora do aspecto inestético da olheira.

Diferentes tratamentos têm sido propostos para a hipercromia periorbital, mas existem poucos estudos sobre sua eficácia a longo prazo. As principais abordagens terapêuticas são: aplicação tópica de produtos despigmentantes, peelings químicos, drenagem linfática manual, preenchimentos com ácido hialurônico, luz intensa pulsada; lasers de CO2, argônio, ruby e excimer.

TRATAMENTO TÓPICO

A maioria dos tratamentos tópicos usados consiste basicamente na aplicação de produtos despigmentantes (vitamina C, vitamina E, vitamina K1, ácido azelaico, ácido fítico, ácido kójico, arbutin, biosome C, fosfato de ascorbil magnésio, ácido tio- glicólico, hidroquinona, haloxyl).

Foi publicado um estudo clínico piloto, aberto, monocêntrico, não pareado e não randomizado, que atestou a eficácia e a segurança do tratamento com peeling de gel de ácido tioglicólico 10% na pigmentação infraorbicular. O ácido tioglicólico é despigmentante de odor desagradável, indicado para hipercromia com componente vascular predominante, por ter a capacidade de absorver o óxido de ferro da hemoglobina, suavizando as olheiras.

O ácido ascórbico é agente despigmentante com estabilidade química reduzida em formulações de uso tópico. Além de seu efeito clareador também pode aumentar a síntese de colágeno e, com isso, melhorar a espessura da pele, atenuando a olheira. Deve-se usar preferencialmente o fosfato de ascorbil magnésio (VC-PMG), um derivado da vitamina C, que apresenta maior estabilidade química e atua por inibição da melanogênese.

Um estudo associando fitonadiona 2%, retinol 0,1%, vitamina C 0,1% e vitamina E 0,1% em gel, em aplicação duas vezes por dia, durante oito semanas nas pálpebras inferiores de 57 pacientes demonstrou que 27 (47%) tiveram reduções na pigmentação, sendo o procedimento considerado pelos autores bastante ou moderadamente eficaz na redução das olheiras.

O haloxyl é um ativo que mostrou eficácia em estudo realizado em 22 pacientes, que aplicaram no contorno de um dos olhos gel contendo haloxidyl 2%. O haloxidyl é composto por crisina, N hidroxisuccinimida (NHS) e matrikinas – peptídeos liberados por proteólise de macromoléculas da matriz extracelular. Os componentes do haloxyl parecem atuar sinergicamente na atenuação da olheira. As matrikinas estimulam a síntese dos componentes da matriz extracelular (MEC) reforçando o tônus palpebral, a crisina e o N- hidroxisuccinimida agem como quelantes de bilirrubina e ferro, respectivamente, diminuindo a pigmentação local.

Hoje apenas iniciamos o raciocínio sobre olheiras… outras terapêuticas serão abordadas em breve…

Quando entendemos as reais causas das afecções estéticas e temos domínio das técnicas, elaboramos programas de tratamentos personalizados, o que faz a diferença no resultado final, conferindo um tratamento com resultados positivos.

Forte abraço,
Dra. Paula França

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